Por Agatha Kuiper
Quando se está diante da vontade de empreender e ter sua própria empresa ou atividade, essa é a primeira pergunta que surge: Preciso mesmo fazer um Plano de Negócios, o famoso Business Plan?
A opinião de uma profissional que já passou mais de 20 anos da sua vida na função de consultora e que presenciou inúmeros erros e acertos na vida de pequenos empreendedores, tanto no Brasil quanto na Holanda, é essa: “Sim, é fundamental!”
Tanto que os holandeses já tomam isso como o passo inicial de qualquer idéia: fazer um Ondernemingsplan (Plano de Negócios) – eles nem titubeiam. Seja para ver a viabilidade mercadológica ou financeira da idéia antes de investir, seja para conseguir alugar um local onde iniciar o negócio, seja para buscar um empréstimo junto à instituições financeiras ou até junto à um “angel” (alguém que está disposto a investir na sua ideia), eles sabem que o Plano de Negócios é fundamental.
Mas, claro, essa é a parte chata para alguns: escrever, pesquisar, fazer contas, levantar custos. O legal é ir à prática e começar logo a colocar a “mão-na-massa”: produzir, vender, fazer uma website, prestar serviço, ter clientes, divulgar… Essa é a tendência de todos, principalmente dos brasileiros na Holanda: ir logo para a parte boa!
No entanto, a vida de um novo empreendedor não é feita apenas de bons momentos. O desafio de se tornar um empresário ou um autônomo é grande, ainda mais em um país que não é o seu. Empreender em um outro país requer muita preparação, coleta de informações e planejamento, para minimizar os riscos e buscar acertar ao máximo desde o inicio.
Sabe-se que tudo começa de um processo visionário. Sou apaixonada por esse estágio inicial onde vejo tantos empresários descreverem precisamente a sua idéia: tem cor, tem cheiro, tem movimento, tem detalhes… Essa visão de como será o negócio é linda, estimulante e envolvente. Mas por isso mesmo a carga emocional envolvida acaba por gerar um efeito contrário ao que deveria: leva muitas vezes as pessoas a agirem por impulso e iniciarem o negócio no afã da emoção, sem analisar com a razão os prós e os contras. Ou seja, a balança fica pendente apenas para um lado: o ideal desejado, e não o mundo real.
É nesse ponto que a estruturação de uma Plano de Negócios é necessária e começa por melhorar a sua idéia: o que você quer realmente fazer? você tem experiência nesta área? quais são seus pontos fortes e fracos como potencial empreendedor?. E então partir para a busca de informações para entender como é o mercado consumidor local, analisar os concorrentes, as possibilidades de fornecedores (se for o caso) e o comportamento do consumidor.
Para tudo isso existem técnicas (pode ficar tranquilo, ufa!), adequadas a cada caso e tipo de negócio. Alguns exigem uma pesquisa de mercado mais profunda, outros nem tanto. O fato é que ter conhecimento do mercado onde pretende atuar é fundamental.
Felizmente aqui na Holanda existem vários sites e fontes de dados quantitativos e qualitativos que te ajudam muito nesse primeiro passo, chamado de pesquisa de dados primários (em holandês: bureauonderzoek). Mas também a pesquisa direta, de campo (veldonderzoek), te trará diretrizes importantíssimas para você sair do “sonho” e vir para a realidade, buscando ajustar sua visão inicial.
Parece complicado, mas não é. É preciso entender como fazer, buscar ajuda profissional, contratar serviços, estudar, preparar-se… O que não pode é “pular” essa fase.
Até por que a pesquisa de mercado e a definição completa do que você vai oferecer é que trarão os parâmetros necessários para a próxima etapa do seu plano de negócios: o Plano Financeiro.
– Qual o volume dos investimentos necessários para este novo negócio? (mesmo que não sejam tantos)
– Quais serão os custos fixos e variáveis? (sempre existem e precisam ser levantados)
– Como posso projetar minha receita e necessidade de faturamento? (fundamental!)
– Qual a margem de lucro suficiente para manter a saúde da empresa e ao mesmo tempo realizar minha retiradas pessoais? (infelizmente muitos nem planejam isso).
É este planejamento financeiro final que dirá se a sua ideia de negócio, tão linda e envolvente no início, é real e racionalmente viável.
Agora você talvez consiga entender por que, em resposta à pergunta do início do artigo, a resposta foi SIM: é essencial fazer um Plano de Negócios e diminuir os riscos de se investir tempo, energia e dinheiro antes de ter sua idéia definida e planejada no papel.